terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Verbo de Deus


Em postagem anterior, foi relatado sobre a divindade de Jesus Cristo, através de citações em vários trechos bíblicos que atestam esta divindade através das Escrituras.
A divindade de Cristo é uma doutrina atestada tanto na Escritura quanto na história da igreja. Se apelarmos para o evangelho, o que já nos é suficiente, veremos que Jesus tinha autoconsciência de sua divindade, como Aquele que pode perdoar pecados (Marcos 2:5-7), que é Senhor do sábado (Êxodo 20:8-11; Marcos 2:27-28). No evangelho de João, Jesus alegou ser um com o Pai (João 10:30), de modo que ao vê-LO, conhecemos o Pai (João 14:7-9). Em João 8:58, há uma nítida afirmação de sua preexistência, especialmente, se compararmos com Êxodo 3:14-15. Essa declaração de Jesus, inclusive, incitou aos presentes a quererem apedrejá-LO (João 8:59), por considerarem que sua afirmação seria uma blasfêmia, provavelmente, à luz de Levítico 24:16. Jesus é Deus porque, como tal, tem poder sobre a vida e a morte (João 5:21; 11:25). Finalmente, um testemunho claro da divindade de Cristo encontra-se na declaração de fé de Tomé, em João 20:28.
A palavra usada por João, no grego neotestamentário, para Verbo, é “logos”. Esse termo, no contexto helenista, tem a ver com o verbo “legein”, que significa “dizer”, “falar”, “expressar uma opinião”. Para o pensador grego Heráclito, o “logos” seria o princípio sustentador do universo. Essa visão, de algum modo, se alinha com a declaração de João 1:3, mostrando que Jesus é o fundamento de todas as coisas. No entanto, é mais coerente analisar a utilização dessa palavra na percepção judaica. Em hebraico, o verbo dizer é “dabar”, e corresponde à manifestação da sabedoria divina (Provérbios 8:23). Alguns estudiosos defendem que João deva ter se utilizado do livro bíblico de Provérbios para escrever a abertura do evangelho que carrega o seu nome, e não os filósofos gregos. Sendo assim, Cristo é a representação, ou melhor, a ação divina na história, a própria Palavra de Deus que se fez carne e habitou, ou como está escrito no grego do Novo Testamento, que “construiu sua tenda”, no meio dos homens (João 1:14). A encarnação da Palavra, nesse sentido, é muito mais do que um conceito filosófico, é a atuação do “Deus conosco” na esfera humana (Mateus 1:23). E se é uma sabedoria, não pode ser reduzida ao mero acúmulo de conhecimentos enciclopédicos, mas à submissão, fundamentada no temor do Senhor (Provérbios 9:10; 15:33). Não podemos esquecer que o próprio Cristo, ao encarnar-se, aprendeu a obediência (Hebreus 5:8).
Ao se tornar carne, Cristo, como a Palavra, manifestou a face graciosa e verdadeira de Deus, a qual, costuma ser ofuscada pela religiosidade humana. Além de revelar a shekináh, isto é, a glória de Deus, João, no versículo 14, diz que o Verbo esteve entre nós, “cheio de graça e de verdade”. A graça de Deus nos é manifestada em seu amor pela humanidade, condicionada ao crer no sacrifício vicário de Jesus (João 3:16; 1 João 4:9). Paulo, em suas epístolas, faz referência ao amor gracioso de Deus que nos alcançou sendo nós ainda pecadores (Romanos 3:24; Gálatas 5:4; Efésios 2:8; Tito 2:11). Nos tempos em que o Verbo se fez carne havia quem questionasse a existência da verdade (João 19:32). Jesus, no entanto, não apenas mostrou a verdade por meio de seus ensinamentos, Ele mesmo se revelou como a Verdade de Deus (João 14:6; 17:17). É por isso que não é possível uma adoração genuína a Deus, a não ser por meio da Verdade que é Cristo (João 4:24). Sem Cristo, o mundo vagueia, seguindo o curso do movimento das ondas legalistas da religiosidade que engana, distanciando-se da Verdade que liberta (João 8:36).
O maior evento histórico de todos os tempos não teria sido o homem ter posto suas pisadas na lua, como muitos afirmam, mas Deus, em Cristo, ter estado na terra. Essa é uma estrondosa verdade, pois grande é o mistério da piedade: “Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (1 Timóteo 3:16).

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